No Brasil, de uns tempos para cá (e alguma coincidência há), os dias nascem e morrem como se fossem espetaculares alarmes de verdadeiros (na verdade, reais) banhos de sangue. Explicações científicas há, porém, por mais que expliquem nunca se sabe se cada vermelhão no horizonte se deve a cinzas de distantes vulcões ou a queimas de florestas locais, além de que são símbolos destes tempos que correm, mas tão lentos que parecem rastejar...
De vez em quando, num olhar desatento, a vermelhidão nos invade de tal forma que nada nos impede de um gesto de espanto. Ah, no meu caso, imediatamente o susto se transforma em foto. Em geral, rende uma imagem ampla, o horizonte propriamente dito.
Luminoso fim de tarde musical - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022 |
Desta vez, não. O céu de fogo me pegou ao entrar na sala, vindo da penumbra do corredor, através de uma janela de persianas casualmente escancaradas. Fotografei de imediato, incluí até uns reflexos nos quadros da parede lateral.
Espelhado fim de tarde - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022
Logo, outros elementos luminosos pediram presença... O primeiro, a tela vibrante da televisão aberta a um show casual, de que nem notei a origem, não conheço a artista, sequer me lembro da música, que fotografar (por conta da concentração, talvez) praticamente me elimina a audição!
Mas, não só a TV estava ligada. Havia um terceiro elemento, a luminária de formato quase cósmico que cobre com luz indireta a mesa. Ora, fui me posicionar atrás dela para, aí sim, procurar o tom e o ângulo melhores, meta que, me diz a experiência profissional, não resiste a algumas tentativas seguidas, caso haja tempo hábil...
E assim se fez a foto do momento, que me é tão prazerosa, este luminoso fim de tarde fotomusical a domicílio...
Sanguíneo fim de tarde sideral - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022
E, para não desperdiçar os elementos visuais disponíveis, ainda parti para outra viagem quase sideral: o ventilador de teto em contraluz à explosão de temperamento sanguíneo que ass(ass)ina o país.