quinta-feira, 6 de junho de 2019

[03] A casa imprópria

Morador de rua - Foto Guina Araújo Ramos, 10/10/2013

Quem se acomoda no piso,
e se não se apoia na quina, 
garante o engano do sono.

Nada de casa própria à frente, 
que, sendo o sonho falácia,
passa-lhe em outra camada.

Dinheiro, longe, é certo que há.
Sucede que o banco é opaco:
estará sempre atrás dele
(não ao lado) e fechado.
O sonho, que tenta embalar,
quisera que fosse suave...
Sendo a base quebrada, 
o sono é frio, malhado.
Tão perto do chão,
a cabeça (assim como a vida)
não lhe é livre, é pesada. 


 [Calçada do Banco do Brasil, agência Icaraí, Niterói]

Da série Casas Impróprias

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