Olhar para o céu e ver como as nuvens se expressam é uma prática milenar, deve ser, só pode ser!... (Naqueles tempos não havia streamings, TV, cinema nem celular para tirar a foto...)
A nuvem que ri - Foto: Guina Araújo Ramos, Niterói, 18/01/2023 |
Não há quem não tenha vivido isto na infância, procurando enxergar as duvidosas figuras que os adultos apontavam, até com espanto, se a nuvem ocupa o cenário.
Criança logo aprende e não mais esquece. Bem, digo, não esquece a técnica. Mas, ficando velhos, costumamos esquecer de manter a prática, de continuar atento aos movimentos do céu, de inventar - e realmente ver! - como as nuvens se expressam. Ou, dado que tudo é duvidoso, como parece que se expressam...
Numa dessas olhadas, achei esta nuvem, que me pareceu expressiva: um aglomerado branco tingido pelo amarelado da luz do sol poente que vinha da direção oposta.
Fiz a foto no automático do celular, o branco estourou... Mudei para
Manual, reduzi um pouco a exposição. Na nova foto, a nuvem ficou no exato tom daquela
à minha frente, no horizonte. E tive a surpresa de ver surgirem detalhes que davam
à peça uma expressão “humana”: os olhos, a ponta aguda do nariz, a boca
debochadamente aberta. Enfim, eu vi: uma nuvem que ri! (Ora, se há vaca que ri, por que não uma nuvem que ri?...)
E me veio à mente a pergunta “de que se ri esta nuvem, ao fim da tarde?”, à qual respondi, como pude, para mim mesmo: “Vai ver é do sol que a gente encara no verão...”. E entendi que merecia ser publicada, para que outros rissem também...
Sei que tenho um ponto de vista privilegiado, vejo o Rio de Janeiro por sobre os prédios de Icaraí, Niterói, mas nem sempre as nuvens colaboram tanto... (As montanhas, sim.)
Três dias depois, num sábado de manhã, o tempo deu um tempo no verão, outro céu de nuvens: dia nublado, nebuloso, quase chuvoso.
Notei, na cortina de neblina derramada, do Centro à Zona Sul, na fachada do Maciço da Tijuca, uma brecha, uma faixa vazia de cima a baixo se deslocando do sul para o norte. Percebi onde ia passar e fui buscar a câmera (desta vez, não o celular, precisava de um zoom potente), bem a tempo!
O Rio em seu manto - Foto: Guina Araújo Ramos, Niterói, 21/01/2023 |
A interpretação me veio simplória: um manto sobre os ombros da cidade, o Cristo do Corcovado se fazendo de cabeça (encolhida, mas sempre viva, é do Rio!). Houve quem visse sinais bíblicos... A prima Margareth Bravo enxergou melhor: “O dia em que o Cristo Redentor resolveu pegar onda nas nuvens...”.
Ah, interpretação mais carioca do que esta é difícil!
“…na cortina de neblina derramadas…” - Poético, Super! 👏🏿👏🏿👏🏿
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