quinta-feira, 8 de maio de 2025

[77] O papel no pedaço


O papel no pedaço - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

A pergunta ali na lateral da papelaria é, evidente, um chamariz, um gancho de marketing...
Até porque não querem vender pedaços, mas uma variedade de bonitinhas peças de papel (ou não, desde que bonitinhas).
Pensei logo em fazer o meu aviãozinho preferido, uma das duas únicas peças de papel dobrado que sei fazer (a outra é outro aviãozinho, só que mais simples).
Mas, cadê papel?... Teve vez que quase entrei na papelaria para comprar uma folha só pra isso...
Nesse dia, tinha no bolso da camisa um mini prospecto, recém recebido na rua. De imediato, falei: é hoje!...
Enquanto ia e voltava aonde ia, fui dobrando o papel, passando a unha para firmar as dobras, rasgando mais ou menos, e quando cheguei de volta, jogo rápido, estava pronto!
Era um papelote mínimo, de gramatura excessiva para o tamanho, mas me serviu: fiz um aviãozinho "amostra grátis". Tão pequeno que nem voou direito: uns três metros, e caiu de bico.
Mas, saí satisfeito: respondi a pergunta a mim mesmo, na moral, na real.
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# 77 da série Artes Casuais, em FotoLíteroGrafia

[76] Nó de rabiola

 

Nó de rabiola em sacos plásticos  - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

Nunca fui um bom “soltador de pipa” ou seja lá que nome tenha ou tivesse. Até que debicava um pouquinho e até conseguia cortar uns e outros com uma pipa sem vergonha, mas realmente eu era meio sem jeito pra coisa.
Os coleguinhas lá em Brás de Pina, percebendo minha incompetência, me convenceram de que eu era muito bom em fazer cortante, o também chamado cerol, especialmente naquela tarefa em que você fica esfregando um paralelepípedo, na calçada, em cima de pedaços de vidro até moer completamente e transformar tudo em pó (de vidro, cortante). Daí pra diante, a tarefa de misturar com cola (de madeira) e tal, nisso eu também não era muito bom, e na escola mesmo nunca fui bom em química... Mas ainda ajudava a passar o cortante na linha, esticada em várias voltas entre dois postes ou árvores da rua.
Das coisas mais úteis que aprendi nessa escola infantil da vida foi fazer nó de rabiola. Sim, porque rabiola eu curtia fazer, era uma espécie de artesanato ou arte. Você dobra o papel a jeito, várias dobras, faz um corte a tesoura e consegue longas tiras de papel fino, o mesmo da pipa. Prende a linha, vai dando nós de rabiola e em cada laçada coloca uma tira do papel. Colocada a tira de papel na laçada, estica a linha: o papel não sai mais. Pronto, estava feita a rabiola, um rabicho que dá equilíbrio à pipa.
Nunca imaginei que depois de velho descobriria uma grande utilidade para o nó de rabiola: fechar sacos plásticos. Funciona bem, tanto para carregar quanto para guardar no armário de casa.
O nó de rabiola facilita o fechamento do saco plástico, mas ainda mais a reabertura. É uma facilidade para abrir: puxando a ponta solta, o nó se desmancha por completo!
Muito melhor do que dar nó seco, comum, que este, mesmo que você o deixe frouxo, é muito enjoado na hora de abrir.
Quando tenho alguma intimidade com os/as vendedores/as, se já sou freguês, sempre peço para fechar os sacos de compras no varejo e dou (mostrando como) o nó de rabiola.
Já ensinei muito vendedor (serviço voluntário, de graça...) a fazer o espertíssimo nó de rabiola!

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# 76 da série Artes Casuais, em FotoLíteroGrafia