domingo, 21 de janeiro de 2024

[59] A tirania das tiras (de sandálias)

 

A tirania das tiras (de sandálias) - Foto: Guina Araújo Ramos, Niterói, 2024

Não sei bem quais as forças físicas (ou fisiológicas?...) que foram me levando, de tropeção em tropicão, a um estado de rompimento (quase) generalizado das tiras das minhas sandálias de dedo tipo “havaianas” (inspiradas, acabo de descobrir, numa “sandália de dedo japonesa chamada Zori”, assume o fabricante). Sei que dois pares, um branco, outro vermelho, foram encostados por arrebentamento de tiras, curiosamente ambas do pé (de sandália) esquerdo, o que talvez tenha até alguma conotação política...
Aí começa a “arte casual”... Desesperado (e descalço), pedi à companheira e filha, que saíam em expedição de compras, a aquisição de um novo par. Cientes das minhas preferências clubísticas, trouxeram um modelo rubro-negro, o que apreciei... Não gostei da escandalosa marca da empresa na palmilha e nas tiras, mas, sendo de uso caseiro, relevei.
Em uns meses, desgastei os extremos da superfície dos pés (das sandálias), o que é normal, já me acontecera com anteriores, talvez parte da “obsolescência programada” do produto. Até que, colaborando com o processo de desgaste, tropiquei mais uma vez e rebentei a tira do pé (de sandália) direito.
Casualmente, estava perto de uma feira de rua, onde trabalhava um vendedor de tiras (de sandália), coisa rara hoje em dia. À falta de pretas, comprei um par de vermelhas, que o feirante imediatamente aplicou ao pé (de sandália) avariado. E deu a dica: user água com detergente ao introduzir a tira no buraco (no bom sentido, de cima pra baixo).
Em casa, aproveitei a tira do pé (de sandália) direito para recompor um dos pares, o branco, que foi o que achei na hora... Sinceramente, no caso, no particular, confesso: eu tendo mais para o funcional (e útil) do que para o estético, que nem sei no que pode resultar...
Tempos depois, reencontrada a sandália vermelha, volto ao fornecedor de tiras, mas ele, no tamanho 42, desta vez só tinha tiras prateadas!... (Ora, que me importa?...) Estava composta, expressa na foto, a primeira versão desta obra de Arte Casual!...
E ainda me sobraram, que comprei reserva, uma tira esquerda e duas tiras direitas, todas prateadas... Ah, se pudesse, comprava um par de solados sem tiras (de qualquer cor) e fazia nova versão da obra de arte.
Que eu, com a humildade dos que usam sandálias, sou obrigado a admitir: é múltipla e variada. Sim, tanto pode ser tida como um conjunto, com várias arrumações para as fotos, como uma sucessão de peças fragmentadas, par por par, pé por pé, tira por tira...
 
  Série Artes Casuais, # 2

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