segunda-feira, 18 de agosto de 2025

92. De sola no decalque

 

Esperando a hora de a gente sair e fazer umas compras, me encostei na cama e, já com o tênis de caminhadas, apoiei a sola do pé sobre a perna (a outra, é lógico) logo abaixo do joelho.
Fiquei mexendo no celular e eis que, na hora de sair, percebi ter feito um decalque na pele!
Merecia emoldurar e por na parede, mas, percebendo ser impossível fixar a "obra de arte" por muito tempo, me satisfiz com um registro fotográfico.
O que, afinal, me apetece, assim como fico contente ao descobrir, de repente, essas artes casuais...

91. Painéis carentes

 

Painéis solares, carentes de energia, se abrem à captura de um Sol que, preguiçoso, se esconde na neblina.
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Niterói, 14/08/2025, 07:11h
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# 91 da série Encontros Sensíveis, no blog FotoLíteroGrafia

quinta-feira, 31 de julho de 2025

90. O avião da barca

O avião da barca - Foto: Guina Araújo Ramos, 30/07/2025

Niteroiense adotado, não deixo de ir ao Rio ao menos umas duas vezes por mês. E de barca, felizmente, o que me dá sempre chance de fazer alguma foto interessante.
Aos poucos, passei a fazer uma espécie de plantão, me colocando na janela sempre do lado voltado para o Pão de Açúcar. Neste ponto de vista, meu interesse passa pela paisagem, pelas plataformas de petróleo estacionadas na baía e, muito especialmente, pelas descidas e subidas de aviões no Santos Dumont.
Fazer esta foto se tornou um exercício de paciência e intuição. Quando o avião sobrevoa a barca e vai aterrissar, a foto depende de um muito rápido reflexo. Consegui muito poucas boas fotos...
Desta vez, início da noite, fazendo frio, antes de mais nada tratei de me sentar junto a uma janela fechada. Mas, imediatamente me arrependi... O vidro estava muito sujo: eu via muito mais o interior do que o exterior da barca.
Pensei numa estratégia: sabia que encostar o celular no vidro diminuiria as interferências na imagem. O problema é que o lance é muito rápido! Quando o avião roncou lá por cima da barca, mal tive tempo de apoiar o celular no parapeito e bater a foto, precisava pegar o avião ainda no ar.
E fiquei até surpreso com o resultado... Como estávamos no mesmo eixo (eu, o avião, a pista iluminada, o Pão de Açúcar), até que isto compensou a baixa luminosidade da cena e a rapidez do movimento do avião. Daí, o passo final foi fazer algum tratamento e dar um corte na imagem.
Gostei, ficou um tanto ou quanto impressionista...

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Da série "Encontros Sensíveis"

domingo, 27 de julho de 2025

89. A Lua e a espantosa Terra


Na chegada da noite, nossa discreta Lua espiona o espantoso mundo que o ser humano construiu na face da Terra...
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Da série Luzes Legais

[No celular, para ver a Lua, clique na foto]

sábado, 19 de julho de 2025

88. Soberbo pôr-de-sol

 

Soberbo por do sol - Foto: Guina Araújo Ramos - Niterói, 17/07/2025

Mais uma vez, um soberbo pôr de sol sobre as montanhas reflorestadas do Rio de Janeiro!
Hoje, certamente, neste 17 de julho, o poente comemora o Dia Nacional de Proteção às Florestas!
Enquanto isso, muitos seres humanos, mais uma vez, expõem a sua inconsequência, desprezo mesmo, em relação à preservação do Meio Ambiente.
Em especial, os brasileiros, representados hoje pelos deputados que aprovaram na madrugada o “PL da Devastação”...
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#naoapldadevastacao
 
 
 
 


segunda-feira, 30 de junho de 2025

87. Lua afiada

 

A Lua, no que é Nova, só tem a ganhar!
Parece tímida, desce para o escuro da noite, mas deixa, no corte afiado, a certeza de que vai crescer e vai voltar!

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Niterói, 28/06/2025, 21:29h.
Foto feita com celular Motorola Edge 20 Pro (já antigo...), com seu zoom quase máximo.

domingo, 29 de junho de 2025

86. Moicano prateado


Cabelo de criança hoje é elaborado, mas antigamente era rebelde. Por exemplo, o meu: começava em um redemoinho à direita no alto da cabeça e caía em ponta sobre o olho direito. Acho até que por isso enxergo melhor do esquerdo...
O tempo passa, o corpo vai mudando, os fios vão caindo, a gente até se alegra de ter cabelos brancos, é melhor do que não tê-los... Passa também a vaidade, ao menos no meu caso, de caprichar no penteado: a infância não passou ainda de todo para mim.
Todo corpo (ou todo ser) faz a sua própria arte, e eis que um dia, numa parada na rua, um rapazola comentou: "aí, coroa, gostei do moicano!"... Foi quando percebi a forma que, à minha revelia, meu cabelo assumia. Custei foi a entender a causa do fenômeno...
Agora, acho que tenho uma teoria. Acordo de manhã e vejo meu moicano no espelho. Ora, só pode ser porque, alternando no sono a cabeça de um lado para o outro, a pressão no travesseiro vai esculpindo cada lado do cabelo: de manhã está pronto o penteado!
Indica também a necessidade de outro movimento artístico: cortar o cabelo!... O que, graças à minha "personal cabeleireira", já foi devidamente providenciado. A foto é de um pouco antes.

sábado, 28 de junho de 2025

85. O Sol é lição

A prepotência humana também se exprime na forma.
Constrói por linhas retas, se impõe por pontas de lanças, se fecha no quadrado dos ângulos. E não só porque lhe é fácil. Muito mais pela sensação de domínio, prazer que deturpa o mundo.
As formas comuns da natureza são circulares, se expandem esféricas: a realidade é um sem fim de curvas sem fim.
Uma compreensão que o humano, aos poucos, se observa, terá: todo dia o Sol refaz a lição.

84. O Sol é rumo


Além e acima das barreiras e estruturas humanas, que um dia caem ou são destruídas, temos, e por muito mais tempo do que poderemos viver, a nossa fonte máxima de energia e orientação: o Sol.

83. O Sol é ouro


Nosso ouro é o Sol.
A riqueza é de todos:
em todo lugar o Sol está.
A sombra ressalta a luz,
a lâmpada ajuda a lembrar:
o Sol é ouro em todo lugar!

quinta-feira, 19 de junho de 2025

[82] Passado fantasma

Palácio Tiradentes - Foto: Guina Araújo Ramos, 18/06/2025

Passei por lá no princípio da noite, pelo antigo mausoléu do legislativo local, e conferi: seus fantasmas externos estão feericamente excitados, saltam aos olhos as cores que soltam ao léu!
Lá dentro, passados tantos dramas políticos, ganhos marotos e traições populares, a abandonada excelência do passado deve ter virado um breu.
E o Tiradentes ali, coitado, passado, olhando pro outro lado...
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Palácio Tiradentes
Rua Primeiro de Março, Centro, Rio de Janeiro.
Ex-sede da ALERJ, Assembleia Legislativa do Estado do Río de Janeiro.

terça-feira, 17 de junho de 2025

[81] A "aranha" de "arame"

 

A lindíssima Ópera de Arame, uma das maiores atrações da cidade de Curitiba, é o tipo do lugar que o turista, casual ou não, não pode deixar de conhecer. Parece uma "aranha" de "arame", algo assim, mas é muito mais sólida do que isso. E há que reparar nos detalhes, que é uma construção da maior criatividade.
Para se ter noção do que é, leia-se o Wikipedia: "Seu nome deriva do estilo construtivo, feito de tubos de aço e estruturas metálicas, coberto com placas transparentes de policarbonato, lembrando a fragilidade de uma construção em arame.".
Um paraíso para fotógrafos agitados ou aflitos, fiz muitas fotos... Mas aí vai, numa tentativa de síntese, apenas uma. O melhor é ir lá ver ao vivo.


Com o "detalhe" de que foi construída em meio a um lago artificial que se formou na base de uma antiga pedreira...

segunda-feira, 16 de junho de 2025

[80] Enfiada na cidade

Enfiada na cidade - Foto: Guina Araújo Ramos - Curitiba, 21/05/2025

 
A ave enfiada em tramas urbanas sustenta o que vive, mas não mais diferencia árvores e postes, galhos e fios, luas e lâmpadas.
É pássaro, se pousa (parece que posa...) no emaranhado de cabos, acostumado a viver por um fio.
Não se choca: observa a selva de pedra e, em tempo, segue para onde o bico aponta.
Sobrevive de restos de plantas e, se encontra uma toca, faz seu ninho, até mesmo de plástico.
Quem passa, se pode, enquanto ela exista, se quiser recordar, que faça logo sua foto!
 
Enfiada na cidade-2 - Foto: Guina Araújo Ramos - Curitiba, 21/05/2025
 

[79] O pianista a pé

O pianista a pé - Foto: Guina Araújo Ramos - Praça XV, Rio, 28/05/2025.

 

[78] Luz enquadrada

Luz enquadrada-1 - Foto: Guina Araújo Ramos - Curitiba, 2025

Ainda não é (e não será tão bonito assim) o sol que nascerá quadrado nas celas dos golpistas de 2022...

 

Luz enquadrada-2 - Foto: Guina Araújo Ramos - Curitiba, 2025
É apenas uma luz que se expande ao atravessar o vidro corrugado de prosaico banheiro de prédio público... 


 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

[77] O papel no pedaço


O papel no pedaço - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

A pergunta ali na lateral da papelaria é, evidente, um chamariz, um gancho de marketing...
Até porque não querem vender pedaços, mas uma variedade de bonitinhas peças de papel (ou não, desde que bonitinhas).
Pensei logo em fazer o meu aviãozinho preferido, uma das duas únicas peças de papel dobrado que sei fazer (a outra é outro aviãozinho, só que mais simples).
Mas, cadê papel?... Teve vez que quase entrei na papelaria para comprar uma folha só pra isso...
Nesse dia, tinha no bolso da camisa um mini prospecto, recém recebido na rua. De imediato, falei: é hoje!...
Enquanto ia e voltava aonde ia, fui dobrando o papel, passando a unha para firmar as dobras, rasgando mais ou menos, e quando cheguei de volta, jogo rápido, estava pronto!
Era um papelote mínimo, de gramatura excessiva para o tamanho, mas me serviu: fiz um aviãozinho "amostra grátis". Tão pequeno que nem voou direito: uns três metros, e caiu de bico.
Mas, saí satisfeito: respondi a pergunta a mim mesmo, na moral, na real.
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# 77 da série Artes Casuais, em FotoLíteroGrafia

[76] Nó de rabiola

 

Nó de rabiola em sacos plásticos  - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

Nunca fui um bom “soltador de pipa” ou seja lá que nome tenha ou tivesse. Até que debicava um pouquinho e até conseguia cortar uns e outros com uma pipa sem vergonha, mas realmente eu era meio sem jeito pra coisa.
Os coleguinhas lá em Brás de Pina, percebendo minha incompetência, me convenceram de que eu era muito bom em fazer cortante, o também chamado cerol, especialmente naquela tarefa em que você fica esfregando um paralelepípedo, na calçada, em cima de pedaços de vidro até moer completamente e transformar tudo em pó (de vidro, cortante). Daí pra diante, a tarefa de misturar com cola (de madeira) e tal, nisso eu também não era muito bom, e na escola mesmo nunca fui bom em química... Mas ainda ajudava a passar o cortante na linha, esticada em várias voltas entre dois postes ou árvores da rua.
Das coisas mais úteis que aprendi nessa escola infantil da vida foi fazer nó de rabiola. Sim, porque rabiola eu curtia fazer, era uma espécie de artesanato ou arte. Você dobra o papel a jeito, várias dobras, faz um corte a tesoura e consegue longas tiras de papel fino, o mesmo da pipa. Prende a linha, vai dando nós de rabiola e em cada laçada coloca uma tira do papel. Colocada a tira de papel na laçada, estica a linha: o papel não sai mais. Pronto, estava feita a rabiola, um rabicho que dá equilíbrio à pipa.
Nunca imaginei que depois de velho descobriria uma grande utilidade para o nó de rabiola: fechar sacos plásticos. Funciona bem, tanto para carregar quanto para guardar no armário de casa.
O nó de rabiola facilita o fechamento do saco plástico, mas ainda mais a reabertura. É uma facilidade para abrir: puxando a ponta solta, o nó se desmancha por completo!
Muito melhor do que dar nó seco, comum, que este, mesmo que você o deixe frouxo, é muito enjoado na hora de abrir.
Quando tenho alguma intimidade com os/as vendedores/as, se já sou freguês, sempre peço para fechar os sacos de compras no varejo e dou (mostrando como) o nó de rabiola.
Já ensinei muito vendedor (serviço voluntário, de graça...) a fazer o espertíssimo nó de rabiola!

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# 76 da série Artes Casuais, em FotoLíteroGrafia

sábado, 26 de abril de 2025

[75] Visitante inesperado

 

Visitante inesperado - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

O visitante inesperado do café da manhã de hoje.
Ficou pouco, não aceitou convite, saiu de repente.

sexta-feira, 7 de março de 2025

[74] Buracos em série

 

Buracos em série - Foto Guina Araújo Ramos, 2025


Peguei o costume de apoiar o celular na quina da pequena torre, o modem emissor de wi-fi, da empresa que nos fornece internet e TV a cabo.
(Claro que o serviço não é bom... Claro que toda hora sai do ar, fica lá um sinalzinho rodopiando na tela. Claro, se fosse empresa estatal, todos os canais de mídia estariam pedindo sua privatização. Claro, já é empresa privada... Claro que a gente, bufando ou não, atura e paga.)
Hora dessas, fiz uma foto ali por perto e, quando coloquei o celular com a câmera aberta neste local, descobri essa imagem: uma sucessão de buracos da lateral do aparelho, que mais parecem pontos pretos, em que nunca reparara, a lente do celular distorcendo de forma interessante. Mais um caso de arte casual!
Aí, foi só apertar o botão da câmera do celular. E depois dar uma garibada no contraste que nem tudo nasce pronto...
[Este texto é para quem gosta de saber (eu, por exemplo, adoro!) a história de cada foto.]

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

[73] O voo da alga morta sob a força da água-viva

O voo da alga morta sob a força da água-viva - Foto: Guina Araújo Ramos - Florianópolis, 04/02/2013

O voo da alga morta sob a força da água-viva.
Vida é morte, morte é vida: na natureza, tudo...
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Pântano do Sul, Florianópolis.
04/02/2013.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

[72] A estrela no esgoto

A estrela no esgoto - Foto Guina Araújo Ramos, 2024

Na confusão do cosmos, entre cometas faceiros, planetas sisudos e asteroides debiloides, eis que um dia uma estrela resolveu se movimentar e, entre o tamanho real a bilhões de anos-luz além e o tamanho pontual que os terrestres têm, adotou meramente uma forma bem contida, porém elegante, e, impaciente, debicou no rumo terrestre, atmosfera a dentro.
Querendo ser discreta no vórtice da descida, mas meio confusa diante das tantas formas grotescas que via, escolheu muito mal como alvo para o pouso uma linha de brilho que não sabia ser de reflexos de água.
Caiu no que diziam ser um rio domado, mas não passava de um veio de esgoto. Durou pouco seu novo posto no infinito universo, acabou a pose quando veio a chuva. Com ela, a sujeira do desinteresse humano pelo planeta e a enxurrada de lixo, e assim o desleixo levou a estrela, toda torta, para o fundo do final dos tempos.
 
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Leito do Rio (?) Icaraí (continuação do Rio Cubango), entre as ruas Mariz e Barros e 5 de Julho, Icaraí - 20/12/2024

[71] Eu bem te via...

Bem te vi na antena - Foto Guina Araújo Ramos, 2025

O bem-te-vi, ave!, bem que deve ter visto alguma coisa de que estaria a fim.
Ou, talvez porque nada via, tentou enganar quem dele se escondia, a bem-te-via.
Cantou seu canto sofrido por longos minutos, esticado na ponta do pára-raios.
Nada: a tempestade tomou outro rumo e a bem-te-via também.
Só sei que, de quando em vez, ele ou ela aparecem e cantam (ou tentam) mais uma vez o encontro: "bem-te-vi"!... (Ou "bem-te-via"!...)
É assim que o amor passarinha e pára, raios!
Afinal, parece que aparece: o amor nasce assim.
O amor é um canto lançado ao vazio, que bem que vê a certeza do encontro.